A Bíblia em poucas palavras

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“No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1). O livro sagrado começa relatando a criação de todas as coisas. O ser humano foi a obra-prima de Deus, feito à Sua imagem e semelhança, mas logo se corrompeu, dando ouvidos a Satanás e comendo do fruto proibido.

Depois do pecado, Adão e Eva foram expulsos do paraíso, tiveram filhos e filhas, e a humanidade se multiplicou. Aumentou também o pecado, e Deus resolveu “lavar o mundo” com as águas do dilúvio. Noé fez uma arca para sua salvação, juntamente à sua família e muitos casais de animais. Depois da destruição, veio o recomeço. A partir do capítulo 12 de GÊNESIS, o prelúdio da humanidade dá lugar à história de Israel, que ocupa o restante do Antigo Testamento. Começando com Abraão, Isaque, Jacó e seus doze filhos, o relato nos mostra a origem do povo de Deus, cuja missão seria trazer bênção e salvação para o mundo. De Israel viria o Salvador.

De acordo com alguns eruditos, foi nesses tempos antigos que ocorreram os fatos narrados no livro de JÓ, que trata do seu sofrimento, paciência e restauração.

Por causa da fome, os descendentes de Abraão foram morar no Egito, onde se tornaram escravos. Depois de 430 anos, os israelitas foram libertos por Moisés, que os conduziu na travessia do deserto rumo à terra prometida: Canaã. Logo após a libertação, Deus fez uma aliança com aquele povo e lhes deu a lei para regulamentar o culto e a vida diária, criando uma nova cultura, de acordo com valores morais e espirituais.

Em ÊXODO, LEVÍTICO, NÚMEROS E DEUTERONÔMIO, encontramos a história daquele período e todas as leis de Israel, incluindo aquelas que controlavam o trabalho dos levitas e sacerdotes no Tabernáculo, que foi o primeiro local de culto judaico oficial. Destacam-se as instruções para os sacrifícios de animais, realizados como ofertas ou meio de expiação, ou seja, o animal era condenado no lugar do pecador para que este fosse perdoado.

Após a morte de Moisés, JOSUÉ liderou o povo na conquista de Canaã, mas nem todos os inimigos foram vencidos. Os sobreviventes se fortaleceram e oprimiram Israel durante a época dos JUÍZES, quando os israelitas viviam sem uma liderança nacional definida. Nesse tempo conturbado viveu RUTE, cuja história se encontra na Bíblia para mostrar a origem familiar de Davi.

Depois dos livramentos miraculosos realizados por Deus por meio de Gideão, Sansão e outros juízes, chegou o tempo de se buscar mais união entre as doze tribos de Israel, de modo que pudessem resistir aos ataques estrangeiros. Assim começava a monarquia, conforme relato do profeta SAMUEL, que foi o grande personagem da transição entre os juízes e os reis. Ele ungiu o primeiro rei, Saul, e depois Davi, que conquistou o território de muitos adversários, inaugurando uma era de grande prosperidade. O monarca era também músico e poeta, sendo o autor de quase todos os SALMOS. Seu filho, Salomão, herdou um grande reino, transformou Israel numa potência do Oriente Médio e viveu muitos anos de paz, tempo suficiente para construir o grande templo judaico em Jerusalém. Sua marca foi a sabedoria dada por Deus, que pode ser observada em seus livros: PROVÉRBIOS, ECLESIASTES e CANTARES. Contudo, o auge do grande reino de Israel se aproximava do fim.

Davi tinha sido um conquistador pelas armas, mas Salomão fez muitas alianças internacionais, que incluíam casamentos com mulheres ímpias e idólatras. Com isso, engrandeceu seu harém, mas fracassou em sua espiritualidade. Por esta causa, Deus determinou a divisão de Israel. Logo após a morte de Salomão, dez tribos se rebelaram, formando o reino do norte, que conservou o nome de Israel, tendo Samaria como capital. As duas tribos do sul formaram o reino de Judá, com sede em Jerusalém.

A divisão do povo de Deus facilitou a ação dos inimigos. Nos séculos seguintes, muitos monarcas governaram Israel e Judá, conforme lemos nos livros dos REIS e das CRÔNICAS. Alguns daqueles líderes eram justos e bons; outros eram ímpios e maus.  Assim também variava o comportamento do povo, mas os tempos de justiça e comunhão com Deus foram se tornando cada vez mais raros. O pecado crescia e se agravava, principalmente, a idolatria, ofendendo a santidade do Senhor. Então, Deus enviou Seus profetas, repreendendo o povo, alertando para o castigo iminente e prometendo restauração em caso de conserto. Nessa missão se ocuparam: Elias, Eliseu, ISAÍAS, OSÉIAS e AMÓS, profetizando para o reino do Norte (Israel). JEREMIAS, EZEQUIEL, HABACUQUE, MIQUÉIAS, SOFONIAS e JOEL profetizaram para o reino do Sul (Judá). Outros profetas falaram a outros povos: JONAS e NAUM profetizaram contra a cidade de Nínive, capital da Assíria; OBADIAS falou contra Edom, povo descendente de Esaú.

Como não houve arrependimento em Israel, Deus os entregou nas mãos dos inimigos. Os assírios invadiram o reino do norte e levaram grande parte do povo para o cativeiro. Depois foi a vez da Babilônia invadir Judá. Os judeus foram levados cativos, inclusive, DANIEL e Ezequiel. A cidade de Jerusalém foi destruída, restando apenas tristeza e dor, conforme se lê nas LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS.

Depois do cativeiro babilônico, aconteceu o retorno dos judeus à Palestina, sob a liderança de ESDRAS e NEEMIAS, que também foram responsáveis pela restauração de Jerusalém, incluindo a reconstrução do templo, dos muros e o restabelecimento do culto judaico. AGEU e ZACARIAS profetizaram nessa época, estimulando o trabalho de restauração.

Israel voltou à sua terra, como havia sido profetizado, mas ainda não era uma nação independente. Era o período do Império Persa, ao qual os israelitas pagavam tributos.  Embora tivesse terminado o cativeiro, nem todos os judeus voltaram para a Palestina. Entre os que ficaram na Pérsia, ocorreram os fatos narrados no livro de ESTER, que mostra a conspiração contra os judeus e o livramento que Deus realizou.

Nessa época, o povo de Deus tinha liberdade religiosa, mas não política. Restava-lhes a esperança de que Deus ainda levantaria, dentre os descendentes de Davi, o Messias, um rei para restaurar a glória de Israel. Sua chegada seria anunciada por um profeta semelhante a Elias. Dizendo isso, MALAQUIAS, o último escritor do Antigo Testamento, previu o ministério de João Batista.

Depois dessa profecia, vieram quatro séculos de silêncio, nos quais Deus se calou para com o Seu povo. Nesse tempo, passaram os impérios da Pérsia, da Grécia, e começou o domínio romano sobre o mundo.

Na época do Imperador Tibério César, nasceu Jesus, em Belém da Judeia. Pouco se sabe sobre a Sua infância. Somente aos trinta anos, Ele começou Seu ministério público. Depois de chamar doze homens para serem Seus discípulos, Cristo percorreu a Palestina durante três anos, ensinando o arrependimento, a justiça e o amor, realizando milagres e anunciando o Reino de Deus. Jesus era cheio do Espírito Santo e demonstrava grande poder e autoridade perante o povo. Isso provocou ciúmes e inveja nos líderes religiosos, que decidiram matá-Lo. Judas Iscariotes, um dos Seus discípulos, O entregou às autoridades judaicas que, por sua vez, O entregaram aos romanos. A acusação era de traição contra o imperador, pois não poderia haver um “rei dos judeus” nos domínios de Roma. Jesus foi condenado e crucificado. Ele morreu em nosso lugar como o Cordeiro de Deus, para que os nossos pecados fossem perdoados e a nossa comunhão com o Pai fosse restabelecida. Os quatro evangelhos contam essa história, apresentando Jesus como rei, servo, homem e Deus, conforme as perspectivas de MATEUS, MARCOS, LUCAS e JOÃO.

O fato principal da biografia de Cristo foi a Sua ressurreição, testificada por cerca de quinhentas pessoas. Esse testemunho dá a tônica do livro de ATOS, cuja narrativa apresenta o início da história da igreja, ou seja, daquele povo que, movido pelo poder do Espírito Santo, anunciou a ressurreição de Cristo, desde Jerusalém até os confins da terra. A mensagem de Deus, que teve os israelitas como primeiros destinatários, agora deveria ser propagada em todo o mundo. A palavra dos primeiros cristãos incluía a repreensão contra o pecado e a exortação ao arrependimento, antes que o mesmo Jesus voltasse para julgar os vivos e os mortos.

O movimento de evangelização mundial recebeu grande impulso após a miraculosa conversão do perseguidor Saulo, que tornou-se o grande apóstolo Paulo. Além de viajar por muitos lugares fundando igrejas, Paulo escrevia cartas de orientação doutrinária e prática para as comunidades cristãs. De sua autoria são quase todas as epístolas do Novo Testamento. Ele escreveu aos ROMANOS, CORÍNTIOS, GÁLATAS, EFÉSIOS, FILIPENSES, COLOSSENSES, TESSALONICENSES, aos pastores TIMÓTEO e TITO, e ao amigo FILEMOM. A Carta aos Romanos tem sido colocada em evidência na história cristã, pois nela se encontra a explicação do Evangelho de Jesus Cristo, incluindo o significado espiritual da Sua morte e ressurreição. PEDRO, TIAGO, JOÃO E JUDAS (irmão de Jesus) também escreveram cartas para as igrejas. De autoria desconhecida é uma carta escrita aos cristãos HEBREUS, ou seja, aos israelitas convertidos.

Enquanto o Evangelho se propagava, crescia também a perseguição contra os cristãos, a exemplo do que o próprio Mestre tinha vivido. Quase todos os apóstolos foram  martirizados por sua fé. O último sobrevivente foi João, que, encarcerado na ilha de Patmos, escreveu o APOCALIPSE, contendo a visão dos últimos fatos da história da humanidade neste mundo, incluindo a volta de Cristo e o estabelecimento visível do Seu Reino. As questões apresentadas em Gênesis são resolvidas no Apocalipse. Desse modo, a Bíblia encerra sua história de redenção, da qual Jesus Cristo é o personagem principal.

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