Muitas vezes, citamos o encontro de Cristo com Satanás no deserto, conforme narrativas dos evangelhos (Mt 4; Mc 1; Lc 4). Disse-lhe o inimigo: “Se Tu és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. Naquele episódio, o tentador fez propostas que incluíam ganhos e vantagens. No primeiro plano, percebe-se o atendimento às necessidades e desejos humanos. Porém, numa análise mais profunda, compreendemos o propósito satânico de ser adorado e servido pelo próprio Senhor de todas as coisas. Cristo também foi tentado em outras ocasiões, inclusive no último instante de Sua vida. Quando estava na cruz, alguém Lhe disse: “Se Tu és Filho de Deus, desce da cruz. Salva-Te a Ti mesmo” (Mt 27.40). A frase é semelhante àquela do deserto. A última tentação consiste em descer da cruz, evitar o sofrimento e a morte.
Nós somos tentados da mesma forma, quando o inimigo nos oferece escapes na hora do sofrimento. Parece muito sensato que evitemos todo tipo de perda, dor ou necessidade. Contudo tais coisas podem fazer parte do plano de Deus. Cada caso precisa ser examinado com cautela, mas todo escape que seja contrário à vontade de Deus é de origem diabólica. Na hora da carência, existe a proposta do sexo ilícito. Na hora da necessidade financeira, vem uma “oportunidade” de trabalho ilegal ou dinheiro sujo. Devemos rejeitar tudo isso. É melhor sofrer com Deus do que ter prazeres com Satanás. Nenhuma tribulação neste mundo é eterna. Jesus desceria da cruz, sim, mas somente na hora determinada pelo Pai. Não podemos confundir felicidade com ausência de sofrimento. Quem evita a cruz não alcança a ressurreição nem a glória celestial.