m diversas ocasiões de nossas vidas, nos deparamos com a angústia e o medo da vida natural, chegando, muitas vezes, a pensar que passamos por esses problemas devido ao fato de termos que carregar uma cruz por servirmos a Cristo. Enganoso é esse pensamento. Como afirma Dietrich Bonhoeffer, “a cruz não é tragédia nem infortúnio devido a nossa existência, é o sofrimento resultante da união com Cristo”.
Para compreendermos isso, basta refletirmos sobre Mateus 16.24, “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue”. O negar-se aqui refere-se ao fato de conhecer apenas a Cristo, o que inclui desconhecer a si próprio. Nos caminhos da vida terrena que impõem tantas dificuldades, é o ver somente a Deus que vai à nossa frente. É entendermos que existem outras atividades a serem atendidas, mas que elas estão em segundo plano – pois no máximo tratam-se de coisas para garantir a nossa manutenção quanto matéria – e que acima delas estão os nossos deveres para com Deus, os quais são urgentes e dignos de que nos preocupemos em executá-los.
Entendendo as coisas desse jeito, deixaremos de nos preocupar demasiadamente com tarefas cotidianas, coisas que devem estar em segundo plano; deixaremos de entendê-las como cruz, pois, na verdade, “a cruz não é, em essência, apenas sofrimento, mas sofrimento e rejeição, e rejeição entendida no sentido mais rigoroso, isto é, rejeição por causa de Jesus Cristo, e não por causa de outro tipo de atitude ou confissão” (Dietrich Bonhoeffer).
Desse modo, fica evidente que carregar a cruz se refere ao fato de pagarmos um preço por servirmos a Deus e ainda sofrermos algum nível de rejeição por isso, e esse nível de rejeição é definido por Cristo. A alguns Ele concede a graça do martírio, porém jamais nos deixa sermos tentados além das nossas forças. Vale reiterar que, se sofremos por qualquer motivo senão esse, isso não é carregar a cruz; pode ser o preço que se paga por querer alcançar outros objetivos.
Fonte: www.lagoinha.com