Jesus foi crucificado entre dois ladrões. Eles tiveram um encontro extraordinário com Cristo, sem chance de faltar ou dizer que tinham outro compromisso. Era a última oportunidade de suas vidas e, ao mesmo tempo, a mais importante. Um deles zombava, dizendo: “Se Tu és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo e a nós” (Lc 23.39). Ele pediu a salvação, mas não foi salvo. Disse as palavras certas, mas tinha a atitude errada. Nota-se nele algum conhecimento teológico e messiânico. Afinal, ao que tudo indica, era um judeu e conhecia as Escrituras. O que aquele homem entendia como “salvação”? Descer da cruz e escapar da morte. Embora tivesse conhecimento suficiente para saber que Jesus era o Salvador, não entendia muito bem o Seu soberano propósito.
Não é assim ainda hoje? São tantas expectativas erradas em relação ao Evangelho! Muitos esperam que a salvação signifique o escape de toda e qualquer situação ruim, inclusive, da pobreza e da doença. Jesus pode curar e enriquecer a quem Ele quiser, mas isso nem sempre acontece. Essa não é a essência do Evangelho.
Na cruz de Cristo estava escrito: “Este é o rei dos judeus”. O outro ladrão creu em Cristo e disse: “Lembra-Te de mim, quando entrares no Teu Reino”. Temos naquela cena dois aspectos da pessoa de Jesus: SALVADOR E REI. A salvação é importantíssima, desde que a compreendamos corretamente, mas é também imprescindível que aceitemos o Reino de Deus sobre as nossas vidas, ou seja, o Seu domínio, a supremacia da Sua vontade em nossas escolhas e decisões.
Ser salvo e viver fazendo apenas o que eu desejo são duas realidades incompatíveis. Jesus respondeu ao ladrão arrependido: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Ele não disse: “Desce da cruz e vai viver a sua vida, abrir sua empresa e ficar rico”. Nada disso. A salvação daquele homem foi espiritual, e não física. Foi contra todas as expectativas materialistas. A alma do ladrão foi salva, mas o seu corpo sofreu os efeitos dos seus pecados.
Não podemos garantir que Jesus nos livrará das consequências terrenas dos nossos atos. Por isso é tão importante combater o pecado em nossas vidas. Não é propósito de Cristo impedir que as pessoas colham o que plantaram. Ali estavam dois ladrões, ambos culpados, um arrogante, outro arrependido. Assim, também, podemos dividir a humanidade em dois grupos. Nenhum de nós é naturalmente puro e limpo, mas o sangue de Jesus nos purifica, garantindo nossa entrada no Paraíso.