O discipulado foi e continua sendo um importante método de ensino e treinamento, mas, com Jesus na terra, em carne e osso, como alguém poderia ser discípulo de João Batista ou dos fariseus? Muitos eram, conforme lemos em Marcos 2.18: “Perguntaram a Jesus: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os Teus discípulos não jejuam?”.
Dois seguidores de João Batista passaram a seguir Jesus. Afinal, o próprio João foi bem claro ao dizer: “Eu não sou o Cristo, não sou o Profeta. Eu não sou o Noivo, mas apenas um amigo Dele. Sou só uma voz que clama no deserto. Jesus é o Cordeiro de Deus. Ele tira o pecado do mundo. É Ele quem batiza com o Espírito Santo. Importa que Ele cresça e eu diminua” (João 1.19-37; 3.22-36). É como se ele dissesse: “Eu já fiz o meu trabalho. Sigam a Cristo agora”.
Sobre João, o autor do quarto Evangelho ainda acrescenta: “Ele não era a luz” (Jo 1.6-8). Não existe outro personagem tão “negado” na Bíblia quanto João Batista, principalmente por si mesmo. Mas alguns discípulos estavam muito apegados a ele e não queriam deixá-lo, como alunos que se recusam a mudar de escola e vivem repetindo o ano. Não estamos desvalorizando João. Ele teve sua importância. Seu ministério foi extraordinário. Os fariseus também, apesar de seus erros, tiveram seus méritos. Cada um teve o seu valor e seu prazo de validade. Mas alguns discípulos estavam muito apegados.
O ser humano apresenta resistência à mudança, mesmo se for para melhor. A inércia é confortável. Se a bisavó do meu pai já fazia determinada coisa, será que eu preciso manter a tradição? Algumas coisas devem ser mantidas, mas, se a Luz chegou, eu não preciso mais viver na escuridão. Abandonem João batista! Abandonem os fariseus! O próprio Jesus elogiou João, mas disse que ele seria “o menor no reino dos céus”. João não é o Salvador! Seria possível que alguém se tornasse adorador de João Batista? Sim!!! Aconteceu. Existem hoje muitos adoradores de João e imagens que o representam. Além dele, poderíamos fazer uma lista infindável de personagens que são considerados guias e mestres, enquanto Jesus é deixado de lado. Por isso um dos pilares da Reforma Protestante é a declaração: “Somente Cristo”.
O texto de Marcos 2.18 fala de alguns homens que estavam preocupados com o jejum, mas não reconheciam a grande tolice de suas vidas: estavam seguindo as pessoas erradas, mesmo tendo Jesus diante deles. Sabemos que Deus estabeleceu líderes na igreja, mas precisamos tomar cuidado para não colocarmos essas pessoas no lugar de Cristo.